A carreira de Renata F. M. Torres, nascida em Luanda na década de 80, tornou-se uma referência na criação artística contemporânea angolana. Com formação em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina, no Brasil, a artista consolidou um percurso diversificado, onde teatro, humor, performance, artes visuais e produção audiovisual dialogam de forma contínua. O seu trabalho, amplamente documentado em plataformas como Bantumen Power List 100, O País, Isto É Notícia, Prensa Latina, RNA e Wikipédia, reflecte uma abordagem profissional assente na experimentação, na identidade e no impacto social.
Entre as artes visuais e o palco
A entrada de Renata no universo artístico esteve ligada às artes visuais, área onde desenvolveu performance, instalação e investigação corporal. A passagem para o teatro foi um movimento natural, impulsionado pelo interesse em explorar a presença cénica. Em 2017 estreou Parto Rosa, monólogo autoral que aborda vivências femininas em Angola e questões sociais ligadas ao papel da mulher. A obra obteve circulação prolongada, reforçando a sua posição como autora e intérprete.
A exploração de novos formatos levou-a ao humor. Em 2019 estreou o espectáculo de stand-up Vamos Falar à Sério, que lhe permitiu alcançar novos públicos e ampliar a sua intervenção social através da comédia. Nesse espaço, abordou temas do quotidiano, desigualdades de género e experiências comuns às mulheres angolanas.
Uma autora que cruza linguagens
Em 2022 regressou aos palcos com o monólogo Mwene-Kongo: A Mulher da Meia-Noite, apresentado após uma residência artística em Portugal no âmbito do programa ProCultura. A obra, que explora o luto, a memória e elementos simbólicos africanos, destacou-se pelo carácter multidisciplinar, combinando texto, movimento, imagem e sonoridade.
A artista desenvolveu também um percurso relevante como produtora e realizadora. É fundadora da aRTju Produções e co-fundadora da produtora cinematográfica ENVOLVE, Lda, através da qual participa na criação de conteúdos audiovisuais, séries e projectos independentes. Em 2025 foi distinguida com o Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola na categoria de Cinema e Audiovisual, pela co-direção da série documental O Processo, em parceria com Hélder Filipe.
Humor, mentoria e projectos de impacto
Em Março de 2025 lançou a iniciativa Isto Não É Um Show de Strip, projecto multidisciplinar que combina stand-up, teatro, formação em comunicação e orientação profissional para jovens mulheres. A proposta actua como plataforma de empoderamento, colocando o humor ao serviço da autonomia e da construção de carreira artística.
Renata tem desenvolvido ainda actividades de ensino e mentoria, sobretudo nas áreas de moda e artes visuais, contribuindo para a formação de novas gerações de criadoras. A artista tem participado em eventos, programas culturais e iniciativas de reflexão, mantendo presença activa no panorama criativo angolano.
Reconhecimentos e participações
Ao longo da carreira, Renata Torres foi incluída na Power List 100 da Bantumen, que destaca 100 personalidades negras lusófonas com influência nas respectivas áreas. Além disso, o seu percurso conta com participações em residências artísticas, apresentações públicas e projectos culturais de relevo, reforçando o seu papel enquanto voz plural e interventiva no sector artístico.
Uma carreira que inspira
A trajectória de Renata Torres combina criação, investigação, humor e liderança. A pluralidade da sua obra representa uma geração de artistas que pensa a cultura como espaço de transformação e construção de futuro. O seu percurso inspira outras mulheres a encontrarem caminhos próprios na arte e na produção cultural, mostrando que a carreira criativa pode ser diversa, sólida e socialmente relevante.
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