A activista paquistanesa e prémio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, é reconhecida mundialmente pela sua luta pela educação de meninas, especialmente em contextos de exclusão e conflito. No entanto, há um outro campo onde Malala tem deixado a sua marca com convicção e empatia: o do futebol feminino. O seu apoio crescente a esta modalidade revela um entendimento profundo sobre o poder do desporto como ferramenta de inclusão, liberdade e emancipação.

Numa publicação recente nas redes sociais, Malala reforçou a sua ligação com o futebol ao partilhar o impacto do Festival Global de Futebol Feminino da FIFA, realizado nos arredores de Riade, na Arábia Saudita. Durante o evento, jovens raparigas de diferentes países puderam treinar, competir e conviver, quebrando barreiras sociais e culturais através da paixão pelo desporto. Malala sublinhou que “a bola continua a rolar para elas”, mesmo em locais onde, durante anos, jogar futebol foi visto como um privilégio exclusivamente masculino.

O futebol como extensão da luta pela liberdade

Malala tem defendido que o futebol não é apenas uma prática desportiva: é uma forma de expressão e liberdade para raparigas e mulheres em contextos onde os seus corpos, vozes e sonhos são sistematicamente silenciados. Através do seu fundo de apoio, o Malala Fund, a activista tem contribuído para projectos educativos e comunitários que integram o desporto como estratégia de empoderamento.

Em países como o Paquistão, Nigéria e Afeganistão, onde o acesso das meninas à educação e ao lazer continua limitado, iniciativas apoiadas pelo fundo têm criado espaços seguros para a prática do futebol, promovendo também debates sobre igualdade de género, saúde sexual e reprodutiva e liderança jovem.

Recess: futebol, educação e acção comunitária

Para fortalecer ainda mais esta visão, Malala lançou a iniciativa Recess, em parceria com organizações internacionais e redes escolares, com o objectivo de promover o desporto como direito fundamental para todas as raparigas. Recess oferece acesso a equipamentos, formação para treinadoras, sessões de capacitação e apoio psicossocial, criando um ecossistema sustentável onde o futebol se torna instrumento de inclusão, bem-estar e justiça social.

Lançada em 2023, a Recess já está activa em países como a Jordânia, Índia, Etiópia, Tanzânia e Serra Leoa, beneficiando milhares de meninas que agora podem jogar com segurança e dignidade. A iniciativa procura criar infraestruturas adequadas, romper estigmas culturais e garantir que nenhuma rapariga fique de fora do campo ou da escola.

A Recess representa a intersecção entre a educação e o desporto, permitindo que as meninas desenvolvam competências sociais, espírito de equipa, liderança e autoconfiança — ingredientes fundamentais para a transformação social.

Mais do que inspiração: acção transformadora

O envolvimento de Malala com o futebol feminino tem ganhado destaque não apenas pelo simbolismo, mas pelo impacto concreto. Ela participa em fóruns internacionais, colabora com federações desportivas e mantém um diálogo aberto com atletas e treinadoras, sempre com o objectivo de ampliar o acesso de raparigas ao desporto.

Esta ligação entre futebol e direitos humanos ganha ainda mais força quando se percebe que, para muitas meninas, jogar à bola é o primeiro passo para reivindicar o espaço público, afirmar a sua identidade e construir autoestima. Malala sabe disso e, como tantas vezes afirmou, acredita que cada menina tem direito a sonhar com livros, com liberdade, e também com golos.

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