A Semana Contra a Violência Contra a Mulher, assinalada anualmente entre 19 e 25 de Novembro, volta a destacar a necessidade de enfrentar um dos problemas sociais mais persistentes do país: a violência baseada no género. A data antecede o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres (25 de Novembro), que marca o início dos 16 Dias de Activismo, uma campanha global de mobilização liderada pelas Nações Unidas.
1 em cada 3 mulheres angolanas já sofreu violência do parceiro
Segundo dados recentes partilhados pelo PNUD e UNICEF Angola, 31% das mulheres em Angola — 1 em cada 3 — já foram vítimas de violência por parte do parceiro íntimo. Estes números revelam a dimensão de um fenómeno que continua a destruir famílias, limitar oportunidades de vida e comprometer a saúde física, emocional e económica das mulheres e raparigas.
Por trás destes dados estão histórias de agressões, queimaduras, violência psicológica, abandono, controlo coercivo e silêncios impostos pelo estigma. Especialistas alertam que estes números representam apenas os casos declarados ou identificados, sendo o cenário real potencialmente mais grave devido ao sub-registo.
Um problema estrutural que exige resposta colectiva
A Semana Contra a Violência Contra a Mulher reforça o papel da educação, da prevenção e da responsabilização social. Em Angola, instituições públicas, organizações comunitárias, escolas, igrejas e colectivos feministas têm intensificado acções de sensibilização em bairros, escolas e plataformas digitais, alertando para a importância de identificar sinais de abuso, apoiar vítimas e desconstruir normas culturais que legitimam comportamentos violentos.
A integração deste período nos 16 Dias de Activismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres reforça que o combate à violência baseada no género é também uma luta pelos direitos humanos. As campanhas nacionais incluem debates, marchas simbólicas, formações para profissionais e actividades dirigidas a jovens, com enfoque na prevenção e apoio às sobreviventes.
Denunciar salva vidas
A violência de género permanece, em muitos casos, escondida dentro das casas. A denúncia é um passo crucial para quebrar ciclos de abuso, mas muitas vítimas enfrentam medo, dependência económica, vergonha ou pressão familiar, o que dificulta a procura de ajuda. Por isso, várias instituições têm reforçado mecanismos de apoio, desde serviços de atendimento psicológico a acompanhamento jurídico.
Neste contexto, recordar os canais de denúncia torna-se fundamental. A linha nacional disponibilizada para reportar casos de violência doméstica é:
📞 Linha de Denúncias: 15020
Atendimento confidencial, seguro e orientado para a protecção da vítima.
A Semana Contra a Violência Contra a Mulher lembra que prevenir é responsabilidade de todos: famílias, escolas, comunidades, instituições e Estado. E que cada gesto — escutar, apoiar, encaminhar — pode proteger vidas.
