Como você se sente quando pensa na ideia de envelhecer?
Para muitos de nós, principalmente para as mulheres, pensar no envelhecimento pode trazer à tona preocupações, ansiedade e até aquele medo escondido. Afinal, o envelhecimento está, muitas vezes, associado a mudanças que nos assustam: uma aparência diferente, um corpo que parece mais frágil, uma memória que já não é o que era, ou até doenças crónicas.
Este processo, que já é naturalmente desafiador, parece ser ainda mais difícil para as mulheres. Para além das mudanças biológicas, as mulheres enfrentam grandes alterações hormonais e emocionais. E, como se não bastasse, a sociedade ainda nos pressiona a acreditar que envelhecer é algo a ser evitado a todo custo. Parece até que temos algum poder sobre esse processo, não é? Enquanto para os homens, essas mesmas mudanças são vistas com charme e experiência, para nós, são sinal de “desleixo”.
Pensa nas rugas e no cabelo grisalho. Para os homens, isso é símbolo de maturidade e encanto. Mas para as mulheres? É visto como descoberto, baixa auto-estima, quase como um “fracasso” em manter-se jovem. O envelhecimento feminino, injustamente, é sempre colocado no pior cenário possível.
Diariamente, somos esmagadas com ideias de “corpo perfeito” e “pele perfeita”, o que nos leva a sentir que precisamos de tratamentos constantes (e às vezes perigosos) para manter uma aparência jovem, como se isso fosse a nossa maior prioridade. A mídia e a indústria da moda realizaram essa ditadura da beleza , promovendo a eterna juventude como o único caminho para nos sentirmos válidas. O resultado? Muitas de nós acabam por nos sentir inconvenientes, levando a sérios problemas de saúde física e mental à medida que os anos passam.
Sim, o envelhecimento pode afectar nossa autoestima e identidade enquanto mulheres. É natural nos preocuparmos com o que está por vir. No entanto, as mudanças que ocorrem no nosso corpo e na nossa aparência não têm que definir a nossa felicidade ou propósito de vida.
Olhando de outra forma, para muitas mulheres, o envelhecimento pode ser um momento de empoderamento, de redescoberta e até de dignidade. Grande parte desta fase depende da nossa atitude, da nossa capacidade de adaptação e da forma como escolhemos olhar para o futuro.
Mulheres, o envelhecimento é natural. As marcas do tempo não são inimigas; são histórias vivas. Histórias que carregamos com orgulho, histórias que fazem parte de quem somos. Vamos deixar de nos tratar como se fôssemos objectos que precisam estar intactos para ter valor. A nossa auto-estima não depende da juventude. Está na hora de mudarmos as configurações que usamos para medir o nosso valor. Só assim, o mundo à nossa volta vai perceber que temos todo o direito de envelhecer – tal como os homens – e que não é a nossa aparência que nos define, mas sim aquilo que somos por dentro.
Lembra-te disto:
- Aceita as limitações da idade, à medida que os anos passam.
- Não negues nem ignora as marcas da idade; elas contam a tua história.
- Cuida de ti: usa protector solar, beba mais água, faz exercício – mas porque queres te sentir bem, não porque tens de parecer mais jovem.
- Não te acomodes: diverte-te, sai com as amigas, vai a festas, ao cinema, vive!
- Seja equilibrada: cuida da tua aparência com gosto, mas sem obsessão.
- E, claro, aprenda algo novo – seja uma língua, uma habilidade ou até um livro que nunca leste.
O envelhecimento faz parte de quem somos. É uma jornada que merece ser vivida com orgulho e leveza.
Obrigada,
Noémia João