Foi com emoção, aplausos e uma energia contagiante que, no dia 13 de Junho de 2025, o Rio de Janeiro recebeu uma das mais influentes vozes da literatura contemporânea: Chimamanda Ngozi Adichie. O palco da Bienal do Livro Rio 2025, no Riocentro, transformou-se num verdadeiro santuário da palavra, onde milhares de leitores – muitos deles jovens mulheres negras – se reuniram para celebrar o poder da escrita e da representatividade.

Chimamanda não veio apenas como escritora consagrada. Veio como símbolo de resistência, de feminismo lúcido e de africanidade global. Conhecida por obras-primas como “Hibisco Roxo”, “Meio Sol Amarelo” e “Americanah”, apresentou ao público brasileiro o seu mais recente romance, “A Contagem dos Sonhos”, uma narrativa envolvente que atravessa os dilemas da felicidade, maternidade, ancestralidade e identidade. O livro, publicado pela Companhia das Letras, já é considerado um marco no diálogo entre o feminino africano e o mundo.

A conversa entre Chimamanda e a actriz Taís Araújo foi um dos momentos altos do evento. Num palco lotado e emocionado, duas mulheres negras, brilhantes nos seus ofícios, dialogaram sobre literatura, racismo, género e as possibilidades de cura através da arte. Taís não escondeu a sua admiração pela convidada e reforçou o quanto a sua obra tem influenciado mulheres de diferentes gerações no Brasil e em África.

Do lado de fora, centenas de pessoas aguardaram pacientemente por horas, na esperança de entrar, ouvir, partilhar. A presença da escritora foi sentida como um acto político e poético: uma mulher africana a ocupar o centro de uma das maiores feiras literárias do mundo. Com ela, vieram também as histórias que tantas vezes foram silenciadas – histórias de mulheres, de colonizados, de deslocados, de sonhadores.

A participação de Chimamanda não se limitou à Bienal. Nos dias seguintes, marcou presença no Festival LED – Luz na Educação, promovido pelo Grupo Globo, e participou no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, em São Paulo. Em todos esses espaços, partilhou com inteligência e doçura as suas reflexões sobre igualdade de género, liberdade criativa e o futuro da educação como ferramenta de justiça social.

Chimamanda Ngozi Adichie não escreve apenas livros. Ela ergue pontes. Conecta África ao mundo. Amplifica as vozes das mulheres. Redefine o que é ser intelectual no século XXI. A sua visita ao Brasil foi mais do que um momento literário – foi um encontro de mundos, de diásporas, de esperanças. Foi também um lembrete poderoso de que o futuro da literatura é feminino, negro, plural – e que há uma legião de leitores prontos para o abraçar.

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