A chef nigeriana Adejoké Bakare entrou para a história ao ser a primeira mulher negra no Reino Unido a conquistar uma estrela Michelin, em Fevereiro de 2024. A distinção foi atribuída ao seu restaurante Chishuru, em Londres, especializado em cozinha da África Ocidental. Este marco simbólico vai além do reconhecimento gastronómico – é também um poderoso gesto de representatividade negra e feminina num sector historicamente elitista e masculino.

Do atendimento à consagração internacional

Adejoké, filha de imigrantes nigerianos, chegou ao Reino Unido ainda jovem e trabalhou como recepcionista de restaurante por vários anos. Em 2020, apostou na sua paixão pela culinária africana e inaugurou o Chishuru, primeiro como projecto pop-up, depois como restaurante fixo na zona de Fitzrovia. Em apenas três anos, o espaço conquistou crítica e público com um menu fiel às raízes, sofisticado e repleto de significado.

O nome do restaurante, Chishuru – que significa “silêncio” em haúça, remete à reverência antes de uma refeição. Essa mesma reverência é sentida em cada prato servido pela chef, que utiliza ingredientes tradicionais como millet, grãos fermentados, feijão-frade, peixe seco e especiarias africanas.

Uma cozinha de identidade e resistência

Bakare oferece ao mundo sabores como moi moi (bolo de feijão), ekoki (bolo de milho), sinasi (panqueca de arroz fermentado) e outras especialidades da África Ocidental, numa fusão entre autenticidade e técnica contemporânea.

“Quero que as pessoas reconheçam o valor e a sofisticação da culinária da África Ocidental. Sempre fomos ricos em sabores, técnicas e histórias.”
– Adejoké Bakare, ao The Guardian

Mais do que cozinhar, Bakare afirma identidades, resgata narrativas e celebra a herança cultural africana à mesa. Com esta estrela, tornou-se a segunda mulher negra no mundo a alcançar o feito com um restaurante próprio, ao lado da chef Georgiana Viou, do Benim.

Um exemplo de excelência para o continente

A conquista de Adejoké Bakare é um ponto de viragem para mulheres negras que sonham ocupar espaços na alta gastronomia. Em Angola, onde tantas mulheres são guardiãs da culinária tradicional, o seu percurso inspira um novo olhar sobre o potencial transformador da comida como património cultural e instrumento de valorização.

A sua história mostra que é possível elevar tradições locais ao patamar global sem renunciar à autenticidade. Talento, coragem e memória são os ingredientes que colocam Bakare no mapa das grandes referências do mundo.

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6 comentários

  1. Leovino Bernardo on

    Que artigo interessante, não conhecia a história da Chef Adejoké…com a nossa gastronomia tão boa fico indignado sabendo que é a primeira mulher negra a conquistar uma estrela Michelin em contrapartida fico feliz pelas portas que abriu para várias outras chefes africanas e não só, OBRIGADO PELA INFORMAÇÃO MARTA FILHO.❤️

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