Numa paisagem urbana em constante mutação, entre ruas de cimento, arte mural e o eco de rodas a deslizar no alcatrão, um grupo de jovens mulheres etíopes encontrou no skate um caminho para a liberdade, autoexpressão e empoderamento.
Conhecidas como as “Ethiopian Girl Skaters”, estas raparigas estão a desafiar as normas culturais, a reocupar espaços públicos e a reescrever narrativas sobre o que significa ser mulher, jovem e africana num contexto ainda dominado por estruturas patriarcais e sociais conservadoras.
Através de uma prática tão urbana quanto subversiva, as Ethiopian Girl Skaters têm vindo a conquistar visibilidade internacional. Com pranchas coloridas, estilos irreverentes e uma confiança que transborda em cada manobra, estas jovens não estão apenas a praticar um desporto, estão a protagonizar um movimento.
Os seus perfis nas redes sociais, como o @ethiopian_girl_skaters no Instagram, funcionam como diário visual e manifesto colectivo. Ali, partilham momentos de treino, quedas, conquistas, encontros comunitários e campanhas de inclusão, sempre com uma energia contagiante e uma afirmação clara: o skate também tem rosto feminino africano.
Num dos registos mais marcantes, o grupo aparece a descer as ruas de Addis Abeba com lenços, saias tradicionais e skates personalizados, demonstrando que a tradição pode conviver com a modernidade e que a identidade não é obstáculo à liberdade.
Estas jovens têm ainda criado espaços de formação e acolhimento para outras raparigas, promovendo workshops de iniciação ao skate, bem como debates sobre corpo, género e participação cidadã. A iniciativa está a dar origem a uma nova geração de atletas e líderes comunitárias.
O skate, aqui, não é apenas uma prancha com rodas. É ferramenta de autonomia, afirmação identitária e ocupação activa do espaço urbano. Num contexto onde o desporto feminino é por vezes marginalizado, estas jovens fazem da calçada uma plataforma de mudança.
O exemplo das Ethiopian Girl Skaters ecoa muito para além da Etópia. Representa uma corrente continental de mulheres que, com coragem, criatividade e persistência, estão a reinventar o que significa liberdade em movimento.
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