Num mundo onde falar de menstruação ainda é tabu em muitos contextos, qualquer iniciativa que promova dignidade, consciência e acesso torna-se urgente – e revolucionária. Foi com este espírito que a Administração Municipal da Samba, em parceria com a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG), lançou oficialmente o Programa Meu Absorvente Menstrual – MAME, no dia 4 de Junho, na Escola n.º 1007, 17 de Setembro, no bairro da Camuxiba.
O lançamento, que contou com a presença de alunas, professores, encarregados de educação, funcionários da Administração e representantes da ANPG, como a Coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social, Dra. Anacy Lourenço, foi marcado por uma palestra esclarecedora da Associação AfriYAN, focada na saúde menstrual e nos estigmas ainda presentes em torno do tema.
Ao final da actividade, 400 kits de absorventes menstruais foram distribuídos a alunas da escola – um gesto simples, mas com um impacto profundo e duradouro.
Quando um absorvente representa dignidade
Muitos não imaginam, mas a falta de acesso a produtos menstruais é uma das razões pelas quais milhares de meninas em situação de vulnerabilidade faltam à escola todos os meses. Não é apenas sobre higiene – é sobre educação, autoestima e igualdade de oportunidades.
Ao criar o Programa MAME, o Governo Provincial de Luanda dá um passo corajoso na direcção certa: tornar o ciclo menstrual um tema naturalizado, respeitado e amparado pelas políticas públicas. A distribuição gratuita de absorventes é apenas uma das acções. O foco está também na educação e consciencialização – porque dignidade menstrual também se constrói com informação.
Uma abordagem comunitária e educativa
A presença da Administradora Municipal da Samba, Loide de Faria, reforça o compromisso das instituições locais com esta causa. Ao sublinhar a importância do programa, destacou o papel da iniciativa na promoção da saúde, do bem-estar e da dignidade das raparigas, e no combate activo aos estigmas e à exclusão social provocada pelo tabu em torno da menstruação.
Num país jovem e em constante transformação como Angola, é essencial que programas como o MAME se multipliquem e se mantenham sustentáveis. A saúde menstrual é uma questão de saúde pública, mas também de justiça social e equidade de género.
Mais do que absorventes, acesso e representatividade
A participação activa de instituições como a ANPG e a AfriYAN mostra que esta é uma responsabilidade colectiva. Empresas, associações, líderes comunitários, escolas e famílias devem estar lado a lado na construção de uma sociedade mais inclusiva e empática com as necessidades das mulheres desde a infância.
Neste contexto, o MAME representa mais do que um programa pontual: é um símbolo de mudança. Que este primeiro passo em Camuxiba sirva de exemplo para que mais comunidades em Luanda e no país adoptem acções semelhantes, garantindo que nenhuma menina seja privada do seu direito de crescer, estudar e sonhar, simplesmente por ser mulher.
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1 comentário
Uma iniciativa tão necessária e inspiradora. Que mais programas como este cheguem a todas as meninas que precisam. Parabéns a todos os envolvidos!