Acreditem ou não, as pessoas mudam. Umas para melhor, outras para pior. Umas regridem, outras progridem. Mas ninguém permanece o mesmo ao longo da sua vida. O nosso eu de ontem, as feridas, os medos, os anseios, as preocupações e prioridades, tudo sofre transformações. Motivados por razões intrínsecas, ou por forças e circunstâncias extrínsecas, mudamos.

Parte do processo de desenvolvimento pessoal, de autoconhecimento e auto-valorização pela qual muitas de nós passamos no momento, começa por admitir que mudámos. Aceitar que, por um lado não precisamos carregar o peso de ser ou demonstrar ser quem éramos antes, assim como não precisamos sentir culpa por ter gostos, quereres, desejos, preocupações e prioridades diferentes.

Mudanças podem ser assustadoras, principalmente porque estamos acostumados com a versão anterior de nós mesmos. Mas é importante lembrar que a evolução é inevitável e necessária.

Às vezes, as transformações acontecem de forma sútil, quase imperceptível. Estamos focadas nas nossas vidas diárias, a lidar com demandas na família, relacionamentos e trabalho, e acabamos por não perceber como nos tornamos diferentes a cada dia. É apenas quando paramos para reflectir que percebemos que já não reagimos da mesma maneira, que os nossos valores e princípios podem ter-se alterado.

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A vida ensina-nos lições preciosas e o mais natural é que a nossa perspectiva mude conforme as diferentes experiências que passamos. É como se estivéssemos constantemente a ajustar a nossa bússola interior para que se alinhe com o nosso verdadeiro eu.

No entanto, nem todos ao nosso redor estarão preparados para aceitar e apoiar essas mudanças. Alguns podem sentir um desconforto com essas novas versões, o que pode levar a decepções e ou até afastamentos. É tão importante entender que isso faz parte do processo e não devemos nos sentir culpadas por sermos fiéis a nós mesmas.

É injusto deixarmos que as expectativas das outras pessoas nos definam ou impeçam de evoluir. A nossa função como exemplo é mostrar que é possível nos reinventarmos, que a mudança é um elemento positivo e necessário, seja qual for. Para já, se alguém não consegue acompanhar a nossa evolução, é algo que vai além do nosso controle, embora tenhamos o dever de, de uma maneira ou de outra elucidar os próximos sobre as nossas versões, assim que ganhemos consciência delas.

Nas relações afectivas, a dinâmica pode ser complexa quando ambos os parceiros passam por mudanças individuais. O sentimento de querer resgatar quem se era no início do relacionamento pode surgir quando alguém percebe as mudanças. É como se desejássemos manter uma ligação emocional estável, voltando a uma versão confortável do passado, especialmente quando o parceiro também muda. Torna-se fundamental entender e tentar equilibrar essa vontade com o crescimento individual de ambos e a construção de uma nova forma de conexão.

Exercitemos a capacidade de acreditarmos em nós mesmas e no poder da transformação. A todos os níveis. Aprender a lidar com o medo e a culpa de nos reinventarmos e de seguir o caminho que faz sentido para nós. A vida é de facto uma jornada de auto-descobertas, e a boa notícia é que cada mudança nos aproxima cada vez mais da nossa melhor versão.

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Elsa Eduarda Baptista Mbumba (nascida 8 de Março em 1994 em Luanda – Angola), é docente universitária, formadora, consultora e psicóloga com experiência de trabalho na área clínica, hospitalar e comunitária. Mestre em Psicólogia Clínica. Especialista em Psicocriminologia e Intervenção na crise, com interesse em investigação e produção científica, nas áreas de saúde mental e educação. Profissional com uma vívida inclinação para causas sociais e defesa cívica, é co-fundadora da Biblioteca Café e Espaço de Coworking Livrus.com e mentora dos projectos de intervenção socio-cultural, projectos estes que acredita serem o reflexo daquilo que procura enquanto pessoa: conhecimento, estimulação intelectual e perspectivas únicas de vida. Trabalhou como Coordenadora Geral na ONG Change 1's Life, participando na concepção e implementação de projectos sociais de grande impacto comunitário a nível nacional e internacional. Actualmente divide o seu tempo entre consultas de psicologia na Zen House, gestão da linha de negócios orientada para empresas da GiraMondo, um ecossistema de aprendizagem criativa, e a criação da INSIGHT, empresa de consultoria organizacional.

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