Mudar é um verbo que assusta, mas também transforma. Seja uma nova morada, um novo emprego ou simplesmente uma mudança de hábitos, a verdade é que transições fazem parte da vida. E embora muitas vezes carreguem consigo medo, também oferecem espaço para crescimento e descoberta.
O medo da mudança é um comportamento natural. Está ligado ao instinto de auto-protecção e ao desejo constante de segurança. A incerteza do que vem depois, a falta de controlo e o apego ao passado criam barreiras internas que nos impedem de avançar.
Uma das passagens que mais ilustra essa realidade vem do relato de quem viveu esse processo ainda na adolescência:
Quando fui a primeira vez à nova escola, senti-me um peixe fora de água. (…) Eu era a rainha da timidez.
Este tipo de desconforto é comum. E, apesar da resistência inicial, é muitas vezes a mudança que nos conduz aos nossos maiores encontros: com os outros e connosco.
Superar o medo exige coragem, mas também rede de apoio e autoconhecimento. Como refere a autora:
A partir de um certo momento, (…) decidi aceitar (com o apoio da minha irmã) que há mudanças que são inevitáveis mesmo que nos causem medo.
É nessa aceitação que começa o verdadeiro processo de transformação. Fingir coragem não elimina o medo, mas reconhecê-lo permite que lidemos com ele de forma mais saudável. Pequenos avanços ajudam a desmontar a sensação de risco e tornam o caminho menos árduo.
Dicas para acolher a mudança
- Foca-te nos ganhos, não nas perdas. Pensar nos resultados positivos ajuda a equilibrar as emoções.
- Recorda-te das mudanças que já superaste. Essa memória traz motivação e força. Pede ajuda. Conversar com alguém de confiança pode oferecer novas perspectivas e acalmar a ansiedade.
- Vê a mudança como uma nova possibilidade. Cada fim pode ser um começo.
- Aceita o desconforto. Ele é sinal de que algo importante está a acontecer.
Olha para mudança como uma nova possibilidade e não como uma perda, afinal, o fechar de uma porta abre espaço para abertura de outra com uma imensidão de oportunidades.
Na dúvida, respira fundo e vai com medo mesmo. Porque, no fundo, mudar é crescer. E quem cresce, inspira.
2 comentários
Que texto, eu sou o tipo de pessoas que abraça todas as mudanças, sejam elas boas ou más, pq sei que elas têm sempre um objectivo no meu percurso de vida.
Sempre fui muito tímida e tenho o hábito de observar antes de me lançar. Gosto de entender o ambiente, as pessoas, o ritmo das coisas. Preciso desse tempo para me sentir segura.
Mas há algo que tenho vindo a aprender com o tempo. Mesmo com medo, é possível avançar. Não é preciso fazer tudo de uma vez. Um passo de cada vez já é caminho.
A mudança assusta, sim. Mas também revela força, mesmo quando sentimos que estamos apenas a sobreviver. E o mais curioso é que, por detrás desse desconforto, muitas vezes encontramos o melhor de nós. Uma coragem que nem sabíamos que tínhamos.
Para mim, aceitar esse desconforto tem sido parte do processo. Observar, sentir, recuar se for preciso, mas não desistir. Porque mudar é crescer. E crescer é dar espaço a partes nossas que ainda estão por descobrir.