Por que não eu? A minha amiga casou e não me convidou. Sim, foi um choque. Um daqueles momentos que, à primeira vista, parecem insignificantes, mas que, por dentro, desponta algo mais profundo. Não é apenas sobre o convite ausente. É sobre a pergunta que ele traz consigo, como um eco constante: porque não eu?
Enquanto ela celebrava o amor, o meu pensamento desviou-se para aquela velha questão, uma que tento esconder de mim mesma. Porquê não eu?
Quero poder me familiarizar com o “sim”. Quero saber o que é chorar de alegria e gratidão. E, honestamente, estou cansada de ser a que reza para aceitar a vontade divina, como se a única resposta possível fosse o “não”. Será que não mereço também? Porque é que, em Mateus 7:7, diz “se baterdes abrir-vos-á” e, parece que a mim, isso não atingi?
Eu não quero tudo para mim. Só peço uma pequena parte. Um terço, talvez. Quero ser aquela que sente o privilégio de ser escolhida. Quero acreditar que o “sim” também pode ser para mim. Mas, mesmo assim, uma dúvida persiste, silenciosa e corrosiva. Porquê não eu ?
O “não” é uma presença constante. Já o conheço bem. Ensina, molda, mas também fere, dilacera, tira-me a paz. O “não” tornou-se familiar, mas isso não significa que ele dói menos. Só por uma vez, quero que o destino olhe para mim e diga: “Agora és tu”.
Porque não eu? Não peço muito. Apenas seja uma escolha, seja por um amor, por uma amizade, ou até por Deus. No fundo, é esse desejo que carregamos, não é? A vontade de sermos vistas, notadas, abraçadas pela vida. Então, porque não eu?
Um texto lindo de Odalys – do Club Delas 🌻