Escolhas: saúde mental e selectividade, um texto de Ângela Mota, uma mulher do Club Delas.
Recentemente, cruzei-me com uma mulher que, à primeira vista, parecia ser tudo aquilo que a sociedade muitas vezes considera um pouco rejeitada: fechada, distante, até uma “estranha”. As opiniões à sua volta não tardaram a surgir, a considerando como complicada e difícil de lidar. Mas algo me dizia que havia mais por trás daquela aparência. Com um pouco de empatia e conversa, percebi que ela era simplesmente alguém que já tinha passado por muitas quedas e, hoje, escolhe ser muito mais selectiva e escolher a dedo quem pode e deve aproximar-se.
Porque, se soubéssemos o que custou, quanto tempo levou para algumas de nós recuperarmos a saúde mental e voltarmos a sorrir, entenderíamos melhor o porquê de muitas mulheres fecharem as portas tão rapidamente ao menor sinal de toxicidade.
A nossa saúde mental é um bem precioso, e só quem já teve que lutar por ela sabe o seu verdadeiro valor. Quando passamos por momentos de dor, de ansiedade, de desilusão, e finalmente reencontramos o nosso equilíbrio, tornamo-nos diferentes. Aprendemos que, para proteger essa paz que conseguimos conquistar, precisamos de ser selectivas, criteriosas com quem deixamos entrar na nossa vida.
Por isso, não é estranho que, depois de enfrentarem desafios emocionais e psicológicos, muitas pessoas se tornam mais fechadas ou cuidadosas. Aprendam, às custas de lágrimas e noites mal dormidas, que não vale a pena deixar qualquer pessoa entrar no seu círculo de amigos, pois aprende-se a priorizar a própria saúde mental.
Ser selectiva não é guardar tudo e todos, mas sim abrir espaço para aquilo que realmente nos faz bem. Há uma grande força em dizer “não” ao que nos faz mal e “sim” ao que nos nutre. É uma forma de autocuidado no nível mais profundo.
Dar-nos a oportunidade de conhecer outras mulheres com o coração, e não apenas com os olhos, é um privilégio. Quantas vezes julgamos outras pela sua postura ou comportamento, sem entender o que passaram ou estão a passar? Ser selectiva também significa escolher com quem queremos partilhar o nosso espaço, o nosso tempo e a nossa energia.
A saúde mental, as nossas escolhas e a forma como lidamos com as mudanças estão profundamente interligadas. E ser criteriosa não é fraqueza, é força. É proteger aquilo que há de mais valioso em nós: a nossa paz, a nossa essência, a nossa felicidade.
Por isso, antes de julgar uma mulher pela sua postura ou pela forma como se defende, lembremo-nos de que, muitas vezes, ela está a proteger o que demorou muito tempo a reconstruir. Se tiveres o privilégio de perceber o que está por trás dessas defesas, entre com respeito, empatia e compreensão. Porque, no fundo, todas estamos a tentar preservar aquilo que nos mantém de pé: a nossa paz interior.
Bastante ilucidativo! 😉😊