O que andamos a fazer? Numa daquelas conversas sobre a vida que temos tido, ontem falamos dentre outras coisas sobre a responsabilidade na/da educação dos filhos. Engraçado que enquanto vivemos em busca das nossas realizações pessoais, profissionais e de outros tipos, nem nos apercebemos de quanto tempo por dia dedicamos aos nossos filhos, a coisa mais nossa que fizemos.
Não há nada mais nosso do que os nossos filhos, que são da nossa inteira responsabilidade, são crianças (enquanto o são) e precisam tanto de educação quanto de orientação para a vida. É tão séria a situação, que o nosso empenho vai ditar o que e como aquelas pessoas serão.
Então lembrei-me e falamos também sobre o conceito de família que temos e tivemos, onde viviamos todos dentro de uma comunidade onde cada adulto era um educador, um cuidador e uma referência… hoje “evoluímos tanto” que nos isolamos em bolhas de segurança e deixamos os nossos filhos numa solidão diária cheia de aparelhos electrónicos, comida na mesa, e numa solidão sem medidas.
E nem adianta dizer que não, vamos pensar apenas em quantas horas por dia os filhos passam a ver televisão ou no computador/telefone? Sim, tecnicamente não está sozinho, está com os irmãos, a babá ou a funcionária de casa, mas se não fala e interage com os outros, está sozinho e a deixar a vida passar ao lado.
Claro que para dormirmos melhor ao fim do dia, nos convencemos de que estamos a fazer o melhor para eles, temos que trabalhar para proporcionar o melhor para eles, mas nós, nós não estamos lá e não cuidamos da educação deles e nem nos responsabilizamos. Quando a culpa dá um sinal, os enchemos de doces e presentes e lá vamos nós mais uma vez.
O que andamos nós a fazer?
O que será dessa geração mais solitária que nunca?
Que valores terão, com quem se parecerão?
Quem se vai responsabilizar por eles?
Sinceramente também não sei, mas preciso fazer alguma coisa e ter tempo para os meus que crescem tão rápido que tenho medo de não os conhecer depois.
” o que andamos a fazer” leva-me muito a reflexão principalmente no campo da maternidade. Que tipo de filhos teremos no futuro sendo que hoje como mães temos problemas com pessoas próximas, recrutamos problemas que não são nossos e automaticamente o filho é proibido de frequentar casa de x ou y pq a mãe não fala com a vizinha, tia …
Isabela, bela contribuição. Temos mesmo de ser mais responsáveis com as nossas acções, principalmente no nosso papel de mãe.