“Cada desafio é uma oportunidade para aprender” – Entrevista com Mónica Carvalho

Mulheres.ao sentou-se com Mónica Carvalho, uma profissional da comunicação que fez do risco uma linguagem, da paixão uma bússola e dos desafios um caminho de crescimento. Nesta conversa íntima, ela partilha como cada fase da sua trajectória, do balcão de uma livraria à direcção de marketing, moldou a mulher e profissional que é hoje.

Comecemos do início. Onde surgiu o teu primeiro desafio profissional?

MC: O meu primeiro contacto com o mundo do trabalho foi na Livraria Castil, em Lisboa, num simples trabalho de Verão. Mas, apesar de parecer modesto, foi ali que aprendi algo essencial: a escutar com atenção. Lidar com clientes diariamente ensinou-me a observar, interpretar necessidades e responder com empatia e clareza. E mais: aproveitei aquele tempo para alimentar uma das minhas maiores paixões, ler. Isso tornava cada dia mais leve e, ao mesmo tempo, enriquecedor.

Depois desse início, o que te levou a regressar a Angola?

MC: Voltei para Angola inicialmente para matar saudades e sair de um estado mais introspectivo. Não esperava, mas logo dei por mim no backstage de um programa de televisão. Entrei numa equipa dinâmica, num universo novo, onde enfrentei o desafio de me superar e comunicar. Tive de vencer o medo e conquistar credibilidade para me tornar uma ponte entre a produção e instituições externas. Foi a minha criatividade que me ajudou a adaptar-me a esse mundo de câmaras, luzes e dinâmicas tão específicas.

E quando entraste, de facto, para a área da comunicação institucional?

MC: Menos de um ano depois, consegui integrar uma seguradora na minha área de formação: design de comunicação. Ali aprendi a linguagem corporativa, participei em projectos de branding, campanhas, eventos. Comecei finalmente a aplicar os conhecimentos da faculdade e a desenvolver soluções visuais e estratégicas com impacto. O segredo foi escutar activamente e colaborar. A paixão que me movia? Criar e concretizar ideias.

Fala-nos desse “bebé” que surgiu no meio da tua carreira?

MC: (Risos) Foi um verdadeiro presente! Fui convidada para integrar a comissão instaladora de uma nova seguradora ligada a um banco. A marca já tinha sido criada, com a imagem visual definida, a partir daí, tivemos que trabalhar na aplicação e integração visual à comunicação interna e externa.

Foi uma fase intensa, de trabalho exaustivo e muitas noites mal dormidas, mas com um enorme espírito de equipa. A paixão que me guiou foi a concretização: ver tudo aquilo ganhar forma e coerência visual com as nossas mãos é, até hoje, é uma das maiores recompensas profissionais que já vivi.

Depois da seguradora, saltaste para o mundo bancário. Como foi essa transição?

MC: Assustadora, para ser honesta! Fui chamada para a Direcção de Marketing de um banco sem conhecer nada do sector. Mas fui com coragem, humildade e sede de aprender. Mergulhei em conteúdos e projectos complexos, até dominar a linguagem técnica. A paixão por desbravar o desconhecido fez-me abraçar esse desafio com garra. E deu certo: cresci imenso e entreguei resultados reais.

E hoje, como é coordenar comunicação num sector tão diferente como a construção civil?

MC: Actualmente, lidero a área de Comunicação e Marketing da Casais Angola, empresa que integra o Grupo Casais, um grupo internacional do sector da construção, presente em 17 países.
Embora o grupo conte com uma directora de marketing a nível global, sou responsável pela gestão da comunicação e das estratégias de marketing localmente, em Angola

Com toda essa bagagem, o que aprendeste sobre entrega de resultados em meio aos desafios?

MC: Aprendi que conhecimento técnico por si só não basta. É preciso ter responsabilidade, adaptar-se, escutar e saber trabalhar com e para pessoas. Aprendi que comunicar bem é escutar ainda melhor. Que entregar valor exige consistência, mas também espaço para arriscar. E que a vida profissional é, na verdade, uma jornada de aprendizagem constante. Hoje olho para trás com orgulho, e para frente com ainda mais determinação.

Os desafios que enfrentamos não nos definem, mas sim a forma como os abraçamos. Que esta entrevista seja um lembrete de que a paixão, a escuta e a coragem podem transformar qualquer obstáculo numa ponte para o sucesso.

Já enfrentaste um desafio profissional que mudou o rumo da tua carreira? Partilha connosco em editorial@mulheres.ao e inspira outras mulheres com a tua história!