O Dia de África, celebrado a 25 de Maio, é mais do que uma efeméride histórica, é uma oportunidade de reafirmação de identidade, reflexão sobre os desafios do continente e exaltação das suas conquistas. Esta data marca a criação da Organização da Unidade Africana (OUA), fundada em 1963, com o objectivo de promover a unidade, a solidariedade entre os países africanos e a libertação total do continente do jugo colonial.
Hoje, a OUA transformou-se na União Africana (UA), e o 25 de Maio continua a ser um símbolo de resistência, soberania e potencial colectivo.
África em movimento: um continente de vozes, cores e conquistas
Apesar das dificuldades económicas, conflitos e heranças coloniais que ainda condicionam partes do continente, África é hoje também sinónimo de inovação, juventude, criatividade e reconstrução. As suas culturas plurais, a riqueza dos seus recursos e a força do seu povo moldam o presente e o futuro de uma forma cada vez mais assertiva.
E neste palco de transformação, as mulheres africanas têm desempenhado um papel incontornável.
A mulher africana: do invisível ao indispensável
Historicamente, a mulher africana foi muitas vezes vista à sombra da tradição, da cultura, do silêncio, da proteção, da luta doméstica. Mas essa visão nunca contou a história toda. Em todo o continente, elas foram e são líderes comunitárias, curandeiras, educadoras, guerreiras, empreendedoras, agricultoras, artistas, políticas, cientistas e sempre conciliando estes papeis com a maternidade e o cuidado com a família.
Nos últimos anos, o seu papel tem sido cada vez mais visível e valorizado.
- Na política, temos nomes como Ellen Johnson Sirleaf (ex-presidente da Libéria), Ngozi Okonjo-Iweala (actual directora-geral da OMC), e Graça Machel, com um legado profundo em direitos humanos.
- Na ciência e inovação, mulheres lideram pesquisas em saúde, tecnologia e sustentabilidade.
- Na arte e na cultura, continuam a resgatar narrativas, criar novas linguagens e levar África ao mundo.
- Na economia, milhares de mulheres empreendem com criatividade, adaptam-se aos contextos mais difíceis e geram sustento para comunidades inteiras.
Um futuro onde todas cabem
Celebrar o Dia de África é, também, imaginar um futuro em que as mulheres africanas tenham o mesmo acesso, reconhecimento e oportunidades que os homens, sem barreiras baseadas em género, classe ou geografia.
É apoiar políticas públicas que garantam igualdade, é incentivar a educação de qualidade para meninas, é apoiar mulheres empreendedoras, proteger os seus direitos sexuais e reprodutivos, e combater todas as formas de violência e discriminação.
Porque África não se constrói só com recursos naturais ou projectos de desenvolvimento. Constrói-se, sobretudo, com gente – e entre essa gente, as mulheres são um alicerce e força motriz.
Celebrar África é também celebrar as suas mulheres
Neste 25 de Maio, honremos o passado e projectemos o futuro. Que o orgulho africano seja também um compromisso com a equidade, com a dignidade e com a visibilidade plena da mulher africana em todos os sectores da sociedade.
Hoje, África é…
Uma jovem que sonha alto, de pés descalços e ideias ousadas, que dança entre as tradições e a tecnologia, e desafia o mundo a vê-la como protagonista do seu próprio destino.
Uma mulher que sustenta famílias, lidera comunidades, constrói negócios, educa com firmeza e ama com profundidade. Que já não pede licença para existir — ocupa o seu espaço com voz e coragem.
Uma velha que guarda a sabedoria dos séculos, que sabe de curas, segredos, silêncios e resistências. Que olha o presente com paciência e o futuro com fé.
África é plural, intensa, criativa e resiliente.
E em cada rosto, idade ou tempo – há uma mulher a mover o continente.
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